domingo, 12 de outubro de 2008

Em resposta à Palmira Silva


Apesar do fim de semana ter sido cansativo e de (felizmente) o trabalhinho não me faltar, não resisti a responder a isto



Querida Palmira,
Concentremo-nos, agora, na questão do preservativo.
De facto, afirmar que o preservativo falha em 50% dos casos ou que há preservativos que contêm sida é uma exagero.
Porém, considerar que o preservativo é a solução e o remédio preventivo por excelência para evitar a SIDA é igualmente um disparate total E, diga-se em sua honra, a Palmira não comete esse profundo disparate ao afirmar (e bem) no seu post anterior “Claro que pode ocorrer uma deficiente utilização do preservativo (........), este pode escorregar ou afins, mas é completamente impossível ao vírus da SIDA passar por supostos poros dos preservativos”.
A questão é que mesmo que o vírus da SIDA não possa passar pelos supostos poros dos preservativos não evita que o uso do preservativo também ele ajude a propagar a SIDA. É que ao “escorregar” ou “afins” (leia-se no calor do momento não deu para colocar ou a máquina da farmácia estava avariada ou não tinha moedas trocadas para a máquina ou o contacto da pele com os fluídos é mais saboroso, na linha do Dr. Maybe, ou rompeu-se porque era de má qualidade, etc.etc.etc.) quem está no acto corre o risco de contágio porque o condom não está lá ou não está a funcionar como devia.
Recordo à Palmira que, de acordo com a Associação do Planeamento Familiar ( http://diario.iol.pt/noticia.html?id=821112&div_id=4071 ), dos 219 pedidos de informação apresentados na sua linha telefónica “opções” acerca de IVG, 35% das mulheres que teve uma gravidez indesejada usava preservativo. Ora, se nesses casos o preservativo não foi colocado de forma a evitar a invasão dos espermatozóidezinhos, então, também não o seria para impedir a passagem do HIV.
Também a ONU confirmou recentemente que cerca de 25 milhões de gravidezes devem-se ao uso incorrecto de contraceptivos, nos quais se inclui naturalmente o preservativo.
Por outo lado, o relatório do grupo de trabalho de Educação Sexual patrocinado pelo Ministério da Educação ( http://www.min-edu.pt/np3content/?newsId=298&fileName=gtes_rel_final.pdf ) , em lado algum, fala do preservativo como meio por excelência de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
Bem pelo contrário, o relatório da Comissão do Prof. Daniel Sampaio (entre outros) é muito claro ao defender a não redução da educação sexual, no caso da escola, apenas a uma “vertente médico-sanitária, pois é essencial que a escola ajude os seus alunos a desenvolverem um conjunto de qualidades que lhes permitam encontrar uma conduta sexual que contribua para a sua realização como pessoas ao longo da vida” GTES Página 18.
A própria Comissão Nacional de Luta contra a Sida afirma, quando confrontada com a constatação de divulgação de preservativos de má qualidade pelas próprias entidades públicas, que “o rompimento (do preservativo) pode acontecer sempre” ( http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=00279723-3333-3333-3333-000000279723&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010 ).
E a Sida, Palmira e a Sida, como fica neste caso ? Oferecem-se preservativos a torto e a direito para quem quiser poder usar e abusar dos “one night stand” que lhes apetecer e depois acontece isto ????
Por seu lado, embora a Academia Pediatrica dos Estados Unidos refira que “the best way to lower the risk of getting HIV and other STIs, if they are sexually active is to use a latex condom and limit the number of sexual partners they have”, também diz, antes disso que “Abstinence. The best way to protect themselves against HIV and other sexually transmitted infections (STIs) is to not have any type of sex (vaginal, anal or oral). Let them know that many people wait to have sex”.
Ou, recordemos, a noticia de Janeiro deste ano do New York Times que alerta para o facto da SIDA estar a aumentar na população gay com idade inferior a 30 anos, citando um estudo realizado na cidade de Nova York, no qual se refere que “New York officials say increased alcohol and drug use may be partly responsible since they make unprotected sex more likely. Other basic precautions, including finding out whether a potential partner is infected, are also apparently being ignored” (http://www.nytimes.com/2008/01/14/opinion/14mon2.html?_r=2&oref=slogin&oref=slogin ). Incluirá também a Palmira estes casos na categoria marginal dos “afins” ?
Será que o New York Times, a Academia Americana de Pediatria, a APF, a Comissão Nacional de Luta contra a Sida, o Grupo de Trabalho da Educação Sexual estão também todos feitos com o Rafael Cifuentes, o Papa Bento XVI e a pandilha do Opus Dei ?
Ou terão actuado por coacção/pressão da Igreja ?
P.S.- Palmira, com tanta retórica, ainda não conseguiu convencer a sua mãe a abandonar esse culto medieval e obscurantista da “missa” ?

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