domingo, 20 de novembro de 2016

A visão económica de João César das Neves



Os portugueses nascem convencidos de que todos os seus males se devem aos políticos ou aos ricos, em especial aos banqueiros. Essa tese, se é plausível e sustentável, é também cómoda e desculpabilizadora. É preciso cada um assumir as suas próprias responsabilidades. Nunca podemos esquecer que, por muito maus que sejam, os dirigentes políticos e económicos vivem da boa vontade dos seus eleitores ou clientes. No final, precisamente por serem quem são, as massas determinam todos os outros aspectos.
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 A verdadeira origem do colapso financeiro está num aparelho produtivo que não gera riqueza suficiente para pagar as suas contas.
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 as dificuldades nanceiras de Portugal não estão, antes de mais, na banca, no Estado ou em alguns sectores particulares. Elas representam uma característica de toda a economia. Os graus são diferentes, mas o problema é comum.
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 Não há capital por duas razões. A primeira é que o povo não poupa. Como vimos, a taxa de poupança das famílias portuguesas, que no início deste ano passado estava em 3,3%, situa-se no registo mais baixo da nossa história, e é um dos valores mais baixos da União Europeia – cerca de um terço dos países com quem nos gostamos de comparar. Sem ovos não se fazem omeletes, e esta razão chega e sobra para que em Portugal não haja capital. O nosso país, que há duas gerações era campeão mundial da poupança, mudou de hábitos e gasta o que tem e o que não tem, sem pensar no futuro. Assim não pode haver capital. É crucial notar que esta razão, de longe a mais importante, nada tem a ver com políticos, empresários ou banqueiros. É o povo, todo o povo, que toma uma atitude de consumidor e devedor em vez de aforrador e investidor.

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Existe outro motivo para a nossa situação, que tem a ver com o mau uso do pouco capital que temos e a incapacidade de atrair capital alheio. Aí podemos assacar culpas a governos envolvidos em despesas improdutivas, banqueiros que emprestaram a projectos tontos ou especulativos, e empresários sem visão ou capacidade. Todos eles, acusados por tantos dos nossos males, são justamente condenados, mas não constituem o elemento determinante que, de algum modo, está também por detrás deles. Porque foram as populações perdulárias que elegeram e apoiaram os governos esbanjadores e eram clientes dos projectos vácuos e de empresários incompetentes. A culpa de Portugal não ter capital é dos portugueses. Todos.
Quando não há poupança, a solução é usar crédito. Foi isso que as nossas empresas e famílias, além do Governo, fizeram durante duas décadas, acumulando uma das maiores dívidas mundiais. Crédito parece, mas não é, capital. Pode ser uma forma temporária de aceder a fundos que, aplicados de forma produtiva, se venham a transformar em capital. Mas uma abundância acumulada com dívida tem um perigo evidente. Precisamente aquele que hoje nos assola.
 é urgente fazer uma transformação profunda e radical na estrutura da nossa economia para romper bloqueios, eliminar privilégios, lançar dinamismos. Sem transformar seriamente o quadro geral, esperam-nos décadas de marasmo.

 “As 10 Questões do Colapso. Portugal: a provável derrocada financeira de 2016-2017”,
Prof. César das Neves

Daqui

domingo, 26 de junho de 2016

O povo leva-se por sentimentos e não por ideias

“Um dos maiores problemas do nosso tempo é que nós somos governados por pessoas que dão maior importância a sentimentos do que a pensamentos e ideias”
Margaret Tatcher

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Faz também o dia de alguém





Ao fim da tarde de domingo, encontrei, com os Deolinda, em Loulé, esta música e esta letra e o desafio de "fazer o dia de alguém" ou que alguém nos faça o dia a nós.


Fazes no dia que nasce
A manhã mais bonita
A brisa fresca da tarde
A noite menos fria
Eu não sei se tu sabes
Mas fizeste o meu dia também

Esse bom dia que dás é outro dia que nasce
É acordar mais bonita
Trabalhar com vontade
É estar no dia com pica
É passar com a vida e desejar-te um bom dia também
Um bom dia para ti
Não que apenas passa não que pesa e castiga
Não que esqueças mais tarde
Mas o dia em que me digas
Ao ouvido baixinho ai tu fizeste o meu dia também tão bom também
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Fazes no dia que nasce
A manhã mais bonita
A brisa fresca da tarde
A noite menos fria
Eu não sei se tu sabes
Mas fizeste o meu dia também
Um bom dia para ti
E para o estranho que passa
Para aquele que se esquiva
Para quem se embaraça e se cala na vida
Mesmo que não o diga
Ai tu fizeste o meu dia também tão bom também
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de alguém
Faz também o dia de

quarta-feira, 2 de março de 2016

Para memória futura: O orçamento de Estado do PS de 2016 é um conto de fadas

As contas do Governo apostam numa retoma incerta especialmente no actual contexto de abrandamento económico, confiam na receita de impostos indirectos que depende do consumo decidido pelas famílias, e não detalham como serão garantidas as poupanças previstas, avisa o organismo liderado por Teodora Cardoso na sua análise à proposta de Orçamento do Estado, publicada esta terça-feira, dia 1 de Março.

Fonte: Jornal de Negócios

Comentário:

O Orçamento de Estado de 2016 da autoria do PS e com o apoio do BE, do PCP e dos Verdes é um autêntico conto de fadas, elaborado tendo por pressuposto uma melhoria significativa do contexto económico nacional e internacional em quem ninguém acredita, além do PS.
Mais uma vez, vivem no delírio !