quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O que se poupa no farelo gasta-se na farinha

Enquanto vão saindo notícias acerca do despesismo do Estado, entre outras, com mais milhões a serem enterrados no BPN na semana passada fui surpreendido na Conservatória do Registo Predial de Silves:

- Disseram-me que não podia apresentar um registo se não tivesse descarregado o meu próprio impresso da net em casa e não o trouxesse comigo.
A razão é simples: Têm ordens para poupar no tinteiro no papel e na impressora...

O que se poupa no farelo gasta-se na farinha...

Anestesiados

Excelente este artigo de opinião do Paulo Marcelo.

No meio de tanta apatia e delírio, sabe bem ver que ainda há gente com os pés bem assentes na terra.

Gru, o mal disposto ou a estupidez mais pura e dura


Fui há uns dias atrás ver o filme para crianças “Gru, o mal disposto”.
O filme é péssimo e mostra bem o que a sociedade de consumo tem para oferecer às crianças.
Associada à produtora norte-americana Universal, uma empresa do grupo mediático da NBS, este filme assenta numa história completamente cretina composta por personagens psicologicamente desequilibradas e socialmente desintegradas.
Na realidade, não há uma única personagem que escape. Todas as personagens não são mais do que o produto de patologias ou situações anómalas. Não há alguém que "normal", nem muito menos alguém que simbolize o bem ou mostre alguma ponta, por mínima que seja, de equilibrio.
O filme e as personagens são, pois, o produto de uma sociedade doente, profundamente doente com a agravante de tudo isto estar num filme e, ainda para mais, um filme supostamente para crianças.
A personagem principal, Gru, é um solteirão, com ar de psicopata adoentado, que viveu uma infância traumatizante dominada pela sua mãe, tem ao seu serviço um exército de seres meios defeituosos que o servem em regime de escravatura, depois há um banqueiro do mal, um inventor que inventa coisas más, um criminoso que rouba pirâmides no Egipto e nada lhe acontece. Sucedem-se situações onde o mal, os crimes, a ofensa à integridade física e ao património dos outros se sucedem (repito) sem que nada aconteça aos vilões que fazem tudo o que querem na mais total e absoluta das impunidades. Polícia, lei, ordem, equilibrio é coisa que o filme desconhece. Pelo contrário, todo o filme é uma apologia do faz o que te apetece que nada te acontece, numa cultura de desresponsabilização muito típica da sociedade pós-moderna dos nossos tempos.
E nem o final supostamente redentor atenua o pendor marcadamente anti-pedagógico e anti-social disseminado desde o primeiro ao último minuto deste filme pestilento.
Na versão original, chama-se “Despicable me” ( Algo parecido com “O eu desprezível”), o que, só por si, já diz muito da metafísica que lhe está subjacente.


P.S.- Não fui só eu que pensei assim. O meu filho não achou piada nenhuma ao filme e inclusive até queria sair no intervalo. Também não vi ninguém a rir. Penso que "estupefacção perante tanta estupidez" será talvez a melhor forma de exprimir a reacção do público infanto-juvenil (pelo menos da sessão em que estive).

sábado, 25 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Lisboa e castelos de Portugal e quejandos

Um blogue interessante contendo várias curiosidades sobre Lisboa, em particular, relativas ao período de ocupação romana.

E dois blogues, ambos do mesmo autor, um sobre Castelos de Portugal e outro sobre imóveis históricos, entre outros.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Jesus mora aqui

À porta do centro de acolhimento de sem abrigo de Âlcantara, em Lisboa, alguém pintou numa caixa de rua da electricidade o seguinte "Jesus mora aqui".

O meu filho que já sabe ler, ficou intrigado e perguntou-me se Jesus morava mesmo naquela casa.

Eu respondi que sim, que morava.

Diz o Evangelho Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes
.” (Mateus 35; 40)

Do novo riquismo e da classe média alta

Nestes últimos 3 dias que passei em Lisboa pude constatar algo que não esperava ver:

Nas ruas da capital vêem-se, cada vez mais, carros de alta cilindrada e de luxo, alguns até com matriculas recentes.

Muitas lojas estavam a abarrotar e bons restaurantes completamente lotados.

Isto mostra que os ricos continuam mais ricos e os pobres mais pobres e significa também que alguém anda a receber salários chorudos ou a fazer negócios proveitosos.

Alguma coisa não bate bem...

No Natal, os milagres também acontecem

Aconteceu a semana passada:

Tenho de partilhar com vocês o que hoje de manhã as minhas amigas M., A. e eu presenciámos na porta da clínica abortista dos Arcos.
Estávamos a acabar de chegar quando vimos um homem jovem a sair da clínica sozinho, o que aliás é um cenário habitual, saem sozinhos enquanto o bebé está a ser abortado e ficam cá fora a segurar a mala da companheira.

Só que este rapaz vinha lavado em lágrimas a soluçar,e fomos imediatamente falar com ele. Contou-nos ,desfeito, que a sua namorada estava lá dentro a abortar o filho de ambos, que ele queria muito ter esse filho, que tinha passado a semana a pedir-lhe que não abortasse, que ele iria cuidar muito bem da criança, mas ela era muito teimosa e não ia mudar de ideias. Ela já tem duas filhas de outro homem que está preso, e tinha acabado de ficar desempregada, e não havia nada que a demovesse.
Tanbém dizia que depois disto, com a morte do filho achava que não ia conseguir continuar com ela

Fomos-lhe dizendo aquilo que o Espirito Santo nos ia inspirando, que ainda estava a tempo de salvar o seu filho, que o filho também era dele e que só ele podia salvá.lo, que mesmo que estivesse na marquesa ele ainda podia impedi-la etc etc.

Ele disse que já não entrava alí, mas de repente pegou no telemóvel e ligou para ela, e ela ainda atendeu (ainda não estava anestesiada) disse-lhe "por favor não faças isso" e mais outras coisas que não ouvimos, e passados uns minutos ainda ele não tinha desligado o telefone vemo-lo com um olhar de grande felicidade a dizer o nome dela, era ela que estava a sair da clínica, vestindo apressadamente o casaco, veio a correr ter com ele e abraçaram-se apaixonadamente. DESISTIU! veio-se embora depois de já ir a caminho do bloco operatório.

Ainda por cima tanto ele como ela lindíssimos parecia mesmo um filme com actores à seria.

Eles os dois choravam felizes e nós as três lavadas em lágrimas também, sabem lá a nossa figura tipo "ai que coisa tão bonita", aquilo foi mesmo um quadro...

A rapariga tem óptimo aspecto e precisa dum emprego preferencialmente na zona de Santarem onde mora. Tem tambem como ele 31 anos, e 14 de experiência em estética, mas se não puder trabalhar neste ramo está disposta a qualquer coisa compatível com a sua gravidez. Tem o 9º ano completo.

Por favor se alguem souber de algo mandem-me para este mail a resposta. Ela está grávida de 6 semanas, embora tenha desistido, quanto antes a ajudarmos melhor, pois ainda está a tempo de mudar de ideias.


Muito obrigada por terem lido este e-mail
Com toda a Amizade

PPC

Natal digital

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Máquinas do tempo


Na internet portuguesa, existem já vários motores de pesquisa de registos e arquivos históricos que são autenticas máquinas do tempo.


Através dessas máquinas, podemos viajar, com exactidão até tempos idos e todos os mortos dessa época como que ressuscitam, ganham de novo vida, cor e movimento e podem-se encontrar coisas muito curiosas sobre a nossa vida como povo, em geral, e sobre os nossos antepassados, em particular.


Ainda falta digitalizar muita coisa, mas, qualquer dia, sem sair de casa, conseguiremos todos reconstruir a árvore geneológica de cada um.


Destaco aqui alguns desses portais do tempo:


Arquivo parlamentar audiovisual, contendo ficheiros, que se podem descarregar para o nosso PC, com as intervenções de todos os deputados desde 1997 até hoje.


Torre do Tombo on line, contendo os principais documentos que fizeram a história de Portugal.


Portal Português dos Arquivos, contendo um motor de busca que faz uma pesquisa transversal sobre as bases de dados de todos os arquivos distritais. Infelizmente, a maior parte do material disponível ainda não está digitalizado.


Motor de busca da AR sobre actividade parlamentar que permite fazer buscas, desde 1820 até aos nossos dias, sobre a actividade parlamentar, com a vantagem da esmagadora maioria das actas e registos estarem dactilografados o que permite uma leitura mais fácil e acessível.


Motor de busca dos arquivos municipais de Lisboa, contendo extensa documentação escrita e fotográfica sobre Lisboa

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sobre o fim da democracia, tal como a conhecemos

Ontem, na Sic Notícias, o Prof. José Ferreira Machado, director da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa disse coisas muito importantes e que têm sido silenciadas na opinião pública:

1º) O Governo entrou em desvario orçamental, desconhecendo-se, até hoje, quais as razões do aumento excessivo do déficit até Outubro deste ano.

2º) A presença do FMI é indispensável e não deveria ser retardada. Os seus responsáveis são pessoas competentes e que conhecem bem a realidade portuguesa, com particular destaque para o ex-vice-presidente do PSD, o prof. António Borges.

Infelizmente, o governo PS nunca irá admitir a necessidade e a urgência desta intervenção porque isso seria sempre uma admissão tácita da sua incompetência e incapacidade para resolver os problemas do país.
O governo PS vai tentar arrastar até à última para depois vir dizer que o FMI teve de entrar em Portugal porque os mercados internacionais assim obrigaram, como se eles nada tivessem a ver com o assunto.

3º) Foi apresentado um estudo onde se verifica que nos últimos 20 anos, o aumento da despesa pública coincidiu com o período de eleições. E isto aconteceu inclusive nos governos de Cavaco Silva.
Esta constatação deveria levar-nos a uma outra que não vejo ninguém retirar
- a de que a democracia, tal como está configurada actualmente na nossa constituição, tem disfunções graves que conduzem o Estado e o país para o abismo.

Por isso, haveria que rever a constituição, aumentando o tempo dos mandatos, reduzindo o número de deputados e criar mecanismos que tornem mais dificil, em períodos pré-eleitorais, a realização de despesas pública por parte do governo e das autarquias locais (por ex. reforçando, nesse período, as condições de aprovação da despesa ou aumentando os poderos de controlo prévio do Tribunal de Contas).

Mas como não há coragem política para mudar seja o que for, continuamos a andar à deriva.

Ajuda a Igreja que sofre


É normal que um bom pai se preocupe com todos mas, em particular e de forma especial, com os seus filhos.


A instituição "Ajuda a Igreja que Sofre" tem como objectivo ajudar do ponto de vista logístico e financeiro, as comunidades católicas que tentam sobreviver em ambientes culturais e politicos hostis.


Em Portugal, tenho um amigo, o Manuel Morgado, que faz parte da equipa que, em Lisboa, tenta angariar fundos e dinamizar iniciativas que promovam os seus objectivos.


Destaco, agora, o apoio à Igreja Católica do Paquistão e aos cristãos (alguns deles crianças) que têm sido mortos devido à sua fé.

Sobre este assunto, poderão consultar aqui mais informações.


Considera a Igreja, seguindo o seu fundador Jesus Cristo, que todas as pessoas são irrepetíveis e insubstituíveis e que, por isso, até o número dos seus cabelos está contado.

Por isso, não deixa de ser comovente ver um dos principais Cardeais do Vaticano sair de Roma e lançar-se no Paquistão numa tentativa de resgate de uma jovem mulher cristã condenada à morte pela sua fé aqui.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Excelente programa para Passos Coelho

Excelente o programa eleitoral proposto pelo meu colega Miguel Alvim ao PSD de Pedro Passos Coelho.

Aqui

Os erros da Igreja Católica Portuguesa


Verificamos que a Igreja Católica e, em particular, a Portuguesa perdeu a influência positiva que tinha sobre a socidade e a formação das pessoas. Curiosamente, aquele que, com mais autoridade a tem criticado, ainda que de forma subtil, delicada e discreta tem sido precisamente o Papa Bento XVI em particular em 2 aspectos: o clericalismo e a excessiva generalidade da sua pregação.

Quanto ao clericalismo, a crítica foi feita na última visita ad limina dos Bispos portugueses a Roma. Aí o Papa chamou à atenção da Igreja Portuguesa para a importância do laicado. Esta situação contrasta com a mentalidade que ainda hoje perdura que vê a paróquia como um lugar de chegada e não como um lugar de partida.


Também a ideia, a meu ver, errada que considera que a paróquia, além das actividades religiosas, deve desenvolver outras actividades de cariz social ou educativo, como lares e creches. Para mim, isto apenas deve acontecer com carácter supletivo e a missão do pároco há de ser, em 1º lugar, atender os seus paroquianos nas suas necessidades espirituais e só residualmente em outras actividades que não tenham a ver directamente com o exercício do seu múnus espiritual. Por alguma razão, aliás, o Papa invocou S. João Batista Vianney, o cura d’Ars, como modelo no último ano sacerdotal, um padre de aldeia que gastava horas no confessionário, no acompanhamento e atendimento às pessoas e às suas dificuldades concretas.


O que o Papa pretende não são “ratos de sacristia”, mas sim cidadãos esclarecidos na sua fé e activos na sociedade. Diz Ratzinger “segundo se pensa, deve sempre haver uma actividade eclesial, deve-se falar da Igreja ou deve-se fazer qualquer coisa por ela. Mas um espelho que apenas reflecte o próprio não é um espelho. Pode acontecer que alguém exerça ininterruptamente actividades eclesiais e contudo não seja de facto um cristão” (O Papa Bento XVI. A Tornielli. Pág. 116).

Por outro lado, em Maio deste ano, no discurso aos Bispos Portugueses, o Papa Bento XVI chamou-os à atenção para o facto da mensagem da Igreja “ muito dificilmente (…) poderá tocar os corações graças a simples discursos ou apelos morais e menos ainda a genéricos apelos aos valores cristãos” .


E no ponto 59 da última Exortação Apostólica “Verbum Domini”, o Papa diz “Devem-se evitar tanto homilias genéricas e abstractas que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus, como inúteis divagações que ameaçam atrair a atenção mais para o pregador do que para o coração da mensagem evangélica”


De facto, com todo o respeito, se olharmos para os discursos da maioria dos párocos ou mesmo dos senhores Bispos, nas suas homilias e discursos, vemos que há um apelo a lugares-comuns e frases feitas, tais como “fazer o bem”, “alcançar a paz”, “viver o amor” e outras que são completamente genéricas e vagas e nada nos dizem ou aconselham sobre as necessidades concretas do nosso dia a dia.


Há uma enorme falta de argumentos dedutivos que não se limitem a explicar ou a repetir as histórias bíblicas, mas, antes, partam do geral para o particular e desçam ao concreto, ao homem situado nas suas circunstâncias pessoais, familiares, profissionais e civicas.
Se as Igrejas cristãs, e em particular, a Igreja Católica Portuguesa em conjunto com a escola e as famílias renascessem com novo fôlego, certamente venceríamos esta crise e garantiríamos um futuro mais risonho para os nossos filhos.
Artigo publicado no mensário "Notícias de S.Brás", edição de Dezembro

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Morrer de pé como as árvores

No fim da vida, o meu avô dizia a todos que gostaria de morrer como as árvores, isto é , de pé, no activo, a trabalhar nos seus projectos pessoais, profissionais e cívicos.
Ainda há cerca de 1 ano atrás, enalteci aqui o discurso do prof. Ernani Lopes, na apresentação do seu último livro.
Aí ele deixou como que um testamento ao nosso país e falou de forma destemida sobre o passado, o presente e o futuro do nosso país.
Enfrentou a doença fatal com coragem, mantendo-se firme na sua actividade profissional e cívica.
O seu curriculum mostra que, além da sua competência e experiência profissional, era um homem de grande integridade ética e de uma enorme categoria e classe humana.
O seu estilo refinado e elegante, mas, em simultâneo, frontal e directo, sobretudo agora no fim da vida, servem de paradigma e modelo para o presente e o futuro.
Numa altura em que o oportunismo , o calculismo e o chico-espertismo imperam, eis que fica este exemplo de um homem de têmpera e de grande nível intelectual e ético.