terça-feira, 31 de agosto de 2010

O dom de cada dia

Para mim, quando perco o tempo, e para todos, aqui fica uma bela reflexão do meu amigo Wagner Moura:

Somos acostumados com o mundo.
Houve o dia de ontem – houve tantos ontens! – e por isso haverá o dia de amanhã como se estivéssemos numa sucessão óbvia de eventos.
É bonito imaginar que todas as manhãs Deus cria tudo de novo como se, maravilhado com a criação, pedisse um bis. E outro. E mais outro. E tantos.
Então os dias não se sucedem simplesmente…
Os dias são chamados à existência como consequência do maravilhar-se de Deus. E nem nos damos conta.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Portugal na televisão


Depois do prof. Lagoa Henriques, com os seus programas televisivos "Portugal, Passado e Presente" (era um programa divinal, com intervenções fantásticas deste grande pedagogo recentemente falecido, infelizmente não encontrei nenhum episódio seu no You Tube) e "Lisboa revisitada" e de José Hermano Saraiva , com os seus "Horizontes da Memória" e a "A Alma e a Gente", eis que surge um novo e original programa sobre as cidades- sua história e cultura, desta vez na RTP-N, denominado "O Humor e a Cidade" de José de Pina.
Com uma história tão rica, com cidades com tanta coisa para contar, estes programas televisivos são uma autêntica pedrada no charco no mar de ignorância e indiferença que sufoca o país.

Invasão no castelo de Castro Marim

Os dias medievais de Castro Marim são como entrar numa autêntica máquina do tempo.
Vale a pena visitar.
Só é pena que, na altura em que os programas musicais e culturais começam a ficar mais atractivos, desatem a chover carradas de espanhóis, melgas e mosquitos que nos obrigam a ter de fugir de bandeira branca em punho....

Nunes na selecção

Apesar da invasão de brasileiros e outros estrangeiros no campeonato português, a selecção portuguesa ainda tem alguma matéria prima para trabalhar, sobretudo no estrangeiro.
Por exemplo, o caso de Nunes que se tem revelado na Liga Espanhola como o patrão da defesa do Palma de Maiorca, responsável, por exemplo, pelo empate hoje com o Real Madrid.
Para quando Nunes na selecção, em detrimento, por exemplo de Rolando que já demonstrou insegurança e falta de solidez ?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Queda da Monarquia


Devo confessar que tenho alguma estima e admiração pela socióloga Maria Filomena Mónica. Além de ser uma mulher extremamente culta, tem uma certa aptidão para o estilo biográfico que me atraí bastante.

Parece-me muito importante que se faça o registo da vida das pessoas e da nossa história de forma a que as gerações vindouras possam saber o que se fez de bem, de mal e, se possível, evitar que caíam nos mesmos erros.

Comecei, aliás, a ler com entusiasmo a sua autobiografia "Bilhete de Identidade" que estava a adorar até que me deparei com o desvendar da sua vida intíma e afectiva. Por uma questão de deprimência e pudor, fiquei-me logo por aí.


Li agora a reedição do seu livro "A queda da Monarquia- Portugal na viragem do século", da D.Quixote que contém um acervo de fotografias muito giro e é precedido por um pequeno texto introdutório sobre a queda da monarquia e a ascensão da República.


Nas suas obras, além de um notável trabalho de investigação, Maria Filomena Mónica não demonstra qualquer hesitação em associar a parte científica à sua opinião pessoal sobre os factos que esteve a relatar/investigar.

No texto introdutório a este livro, porém, não deixa de ser chocante que a mesma afirme, por exemplo, que o funeral do rei e do princípe herdeiro tenha ocorrido com as ruas de Lisboa DESERTAS. Trata-se de uma falsidade que pode ser, aliás, facilmente comprovada no vídeo deste meu post, onde, por estima ou mera curiosidade, se pode atestar o número significativo de populares que estiveram presentes no cortejo fúnebre.


Também me parece tendencioso dar a entender que a culpa do atraso do país que descreve, de forma convincente, é exclusiva do regime monárquico.

Se olharmos para os primeiros anos da República ou até para o regime de Salazar, veremos que ambos esses regimes fracassaram igualmente em muitas das áreas onde a monarquia também já tinha fracassado.

Aliás, não deixa de ser curioso que a descrição que o último primeiro-ministro da Monarquia, Teixeira de Sousa, faz do país, ainda hoje, em áreas como a educação, agricultura, indústria e finanças pública se mantenha praticamente igual à época pré-republicana:

"Este país, que querem fazer passar por agrícola, mas que não produz sequer pão, nem carne para a alimentação pública, e por industrial, mas que, em regra, produz caro e mau, é tributário de países estrangeiros por dezenas de milhares de contos, que representam o excesso das importações sobre as exportações (....). A situação da Fazenda Pública é gravíssima. O orçamento deste ano corre com um déficit de cerca de seis mil contos, acompanhado de uma dívida flutuante de oitenta mil. Tudo está hipotecado, desde o rendimento das Alfândegas até aos últimos títulos emitidos pela Junta de Crédito Público (...)"
Cfr. A Queda da Monarquia. Págs. 31 e 32


Uma última nota para uma lacuna que empobrece a ilustração das dezenas de fotografias que fazem parte da 2ª parte deste livro- praticamente nenhuma delas tem a referência ao ano a que diz respeito, o que teria sido muito interessante para o leitor.

domingo, 8 de agosto de 2010

Os homens e as lides domésticas



Há uns tempos atrás vi um documentário sobre a crise da natalidade e da família e, a dada altura, uma professora norte-americana dizia que uma das causas radicava na maior e inata imaturidade dos homens. Confesso que, ao princípio, fiquei um pouco surpreendido, mas depois a professora explicou que os homens apresentam uma menor capacidade para resolver a ajudar nos problemas domésticos e educativos da casa de família e que, por isso, a mulher sentia-se mais desamparada e optava ou por não ter filhos ou por optar pelo divórcio.
Segundo um recente estudo da London School of Economics, do Reino Unido, os casais onde o homem se envolve mais nas tarefas domésticas têm menos probabilidades de se divorciar.
O estudo demonstrou que os casos em que a mãe é doméstica e o marido trabalha, mas não ajuda em casa ou nos casos em que a mãe trabalha e o marido não ajuda em casa são os que implicam um maior risco de divórcio, sendo os que implicam menor risco de divórcio aqueles em que a mãe é doméstica e o marido, embora trabalhe, ajuda em casa.
Isto significa que compartilhar as tarefas em casa fortalece o casamento. Porém, os seus resultados não permite afirmar que a maioria das mulheres queiram necessariamente um modelo "igualitário" (50-50) na repartição das tarefas domésticas entre o homem e a mulher.
O estudo refere ainda que, em casais jovens com filhos pequenos, quando o pai não ajuda em casa e o casamento se desfaz, o divórcio provoca graves consequências sobretudo do ponto de vista económico, agravando ainda mais as dificuldades próprias das jovens mães que ficam sem parceiro e com menor suporte financeiro para fazer face às despesas.
E concluí que, nos vários estudos e análises sobre divórcio, tem-se dado um relevo excessivo às consequências negativas decorrentes da introdução da mulher no mercado de trabalho remunerado e, ao invés, tem-se esquecido praticamente em absoluto as consequências positivas que decorreria da maior participação do homem nas tarefas não remuneradas de natureza doméstica e educativa no seu próprio lar.
Este panorama atávico de menor presença do pai/marido/companheiro nas lides domésticas e no cuidar e educar dos filhos- ao qual se poderá acrescentar as inúmeras situações de violência doméstica - demonstram que muito há ainda a fazer na revolução destas mentalidades anacrónicas, mais próprias da idade média.
Muitos homens, diga-se, não têm qualquer experiência de apoio nas lides domésticas ou educativas porque as suas próprias mães nunca lhes transmitiram esses hábitos. Por outro lado, muitas mulheres assistiram, em suas casas, à total submissão das suas mães que, em muitos casos, estavam reduzidas pelos maridos a meras criadas de mesa e, por isso, acham normal que, consigo, aconteça o mesmo.
A participação dos homens nas lides domésticas e na educação dos filhos, a meu ver, não decorre somente da necessidade de apoiar a mulher, sobretudo se é trabalhadora. Sem dúvida que isso é importante. Mas, no caso do cuidar dos filhos (dar banhos, deitar, ajudar a comer, a ir à casa de banho, etc...), essa participação só traz vantagens para o próprio homem na medida em que o torna mais próximo dos filhos e contribuí para o reforço de uma relação de intimidade e cumplicidade que habitualmente quase sempre só ocorre com as mães, ou seja, o próprio homem-pai fica a ganhar com essa maior presença no lar.

sábado, 7 de agosto de 2010

Balanço do mundial

No passado mês de Junho, pudemos assistir ao campeonato do mundo de futebol da África do Sul. Se olharmos para o comportamento das várias selecções, poderemos identificar 5 tipos diferentes de equipas.
As equipas que foram participar no torneio, mas que acabaram por assumira um comportamento suicida e indisciplinado, caso da selecção da França.
As equipas que pretendiam ir o mais longe possível, mas cujas prestações em campo acabaram por não corresponder a esse seu desejo, acabando por ser eliminadas nas fases anteriores, casos de Portugal, Itália ou Inglaterra.
Depois existiam equipas que queriam ir o mais longe possível e que, de facto, apesar de algumas limitações em relação a outras mais fortes, com mais ou menos sorte, acabaram por fazê-lo, caso do Uruguai ou da Holanda.
Depois havia a Alemanha que actuou de forma fria e compacta durante todo o campeonato, levando à prática de forma demolidora, mecânica e quase cínica os seus objectivos
E, por fim, a equipa vencedora do torneio, a Espanha que começou com uma derrota que, em vez de a desanimar, a incentivou para uma campanha vitoriosa e os seus jogadores, além da arte e engenho, entravam em campo dominados pela famosa “fúria espanhola” que é mais do que uma simples motivação. É uma fúria que tem “ganas” de dar o tudo por tudo, se necessário, deixar a pele e o corpo em campo até à vitória final.
Na forma como encaramos a nossa vida, também nos pode acontecer , a de quase suicídio, como a França; a do que quer, mas não pode; a do que pode, mas não quis de forma suficiente e a do que podia e quis de forma furiosa vencer. Uma coisa é certa, agora, depois do campeonato do mundo, só conta mesmo o vencedor, dos outros pouco ou nada se falará.