Na sua
obra “A República”, Aristóteles dizia
que a forma de degenerescência da Democracia é a demagogia.
Sabemos também que, no dizer de Churchill “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas". Por outras palavras, a Democracia será a melhor das piores formas de governo.
Sabemos também que, no dizer de Churchill “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas". Por outras palavras, a Democracia será a melhor das piores formas de governo.
Na génese da crise económica
europeia está também subjacente uma crise da própria classe política e do
sistema democrático. Em particular, na Grécia, em Espanha e em Portugal isso é
muito evidente, em grande parte motivada pela insensatez, desgoverno e incompetência
dos partidos socialistas locais que estiveram no governo desses país.
Mas a culpa não é só dos partidos e
dos governos, é também dos eleitores.
Senão vejamos.
Nas eleições legislativas de 2009,
Manuela Ferreira Leite, na campanha eleitoral, defendeu a necessidade de
recorrer a medidas de austeridade e contenção como forma de estabilizar as
finanças públicas e o déficit do Estado.
Enquanto isso, Sócrates dizia que o
discurso de Manuela Ferreira Leite era pessimista e que, com ele, os salários e
as pensões não seriam afetados (inclusive até foram aumentados precisamente na
véspera das eleições) e que, com ele, o país lançar-se-ía numa onda de grandes
investimentos públicos que iriam relançar a economia.
À exceção dos economistas
pró-Socrates, todos os outros especialistas consideravam que a estratégia de
Sócrates era um suicídio para o país. Porém, como Sócrates utilizou um discurso
enganador, falso e aparentemente mais positivo, acabou por ganhar as eleições,
lançando depois o país na ruina, com despesas galopantes em cima de mais
despesas e endividamento atrás de endividamento.
Quando Portugal acabou por pedir um
resgate à Troika, os salários e pensões de reforma corriam o risco de não serem
pagos. Mas, já era tarde de mais . Os eleitores escolheram votar em quem os
tinha enganado e recusaram votar em quem lhes dizia a verdade e usava como lema
e bandeira eleitoral“Uma política de verdade”. Os eleitores, pelo contrário,
preferiram a mentira, preferiram quem lhes vendia uma “banha da cobra” mais
atrativa.
Em 2011, quando Passos Coelho se
apresentou às legislativas, afirmou que iria tentar não aumentar os impostos e
nada disse quanto ao corte de subsídios de Natal e de férias. As pessoas foram,
de novo enganadas.
Mas se Passos Coelho seguisse o
exemplo de Manuela Ferreira Leite e anunciasse, em plena campanha eleitoral
quais as medidas duras e de austeridade que iria levar a cabo, será que os
eleitores teriam votado à mesma no PSD ?
Ou será que o seu fim, seria o mesmo de Manuela
Ferreira Leite que foi penalizada por dizer a verdade e não a esconder ?
Esta comparação leva-nos a uma
conclusão:
Para ganhar umas eleições, o povo precisa de ser
enganado porque o povo procura sempre o mais fácil, segue sempre quem lhe
promete mais, melhor e de forma mais rápida. Depois, quando se vê enganado, aí
é que o povo se lembra que as promessas não foram cumpridas e vai para as ruas,
reclamar e manifestar-se contra a classe política. Mas, cada um tem o que
merece e se só é possível ganhar umas eleições através da mentira e das falsas
promessas, quem é que pode censurar os políticos de a isso recorrerem, se essa
é a única forma que têm de aceder ao poder ?
É necessário apostar numa maior
maturidade e formação política dos eleitores de forma a que este não reajam de
forma meramente intuitiva e pavloviana. Há que dizer a verdade, não escondê-la
e demonstrar que não há alternativas, além do caos e da rutura.
Fazer o contrário, é pura demagogia.
O meu artigo de Outubro no mensário "Notícias de S.Brás"
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