sexta-feira, 16 de novembro de 2007

OS PECADILHOS DE S.BRÁS

Todos nós sabemos o quanto S.Brás se desenvolveu nos últimos anos. A pacata vida de outrora onde todos se conheciam foi substituída por uma vila em franco crescimento urbanístico, industrial, comercial e cultural. Novas e permanentes construções, em geral, de boa qualidade, mais supermercados, mais bancos, etc...

Com a explosão da construção civil na última década, vieram também para S.Brás novos habitantes, quase sempre, casais jovens, muitas vezes, ainda sem filhos e a trabalhar fora da vila .

Diga-se, aliás, que a excelente localização geográfica de S.Brás de Alportel a poucos minutos da via do Infante e dos grandes centros urbanos envolventes, Loulé, Olhão, Tavira e Faro favorece a vinda desses novos habitantes.
S.Brás passa, pois, a ser uma vila dormitório onde as pessoas vêm essencialmente dormir, embora também já se constate um certo fluxo contrário de pessoas que vêm de Faro, Loulé, etc.. para vir trabalhar a S.Brás.
E as coisas até correm bem enquanto os filhos não nascem. O pior é o que vem a seguir. Até aos 3 anos só a Santa Casa da Misericórdia é que oferece vagas. Porém, a procura excede em muito a oferta disponibilizada por esta nobre instituição e, por isso, são muitas as crianças que ficam de fora. Como, por enquanto, ainda não existem alternativas, a solução acaba por ser sair de novo para Faro, Loulé, Olhão ou Tavira em busca das vagas inexistentes em S.Brás.
Esta situação leva a que esses casais se limitem mesmo a dormir só em S.Brás já que S.Brás nada mais lhes oferece nem em termos de trabalho, nem em termos de apoio aos seus filhos. Trata-se de um problema que não é exclusivo daqui. Infelizmente vivemos num país onde se promove e financia o aborto livre mas depois não se aposta no apoio à infância, através da criação de uma rede pública de ATL’s, creches, jardins de infância, etc..
É sabido que a Câmara Municipal tem um projecto que está já a ser implementado mas que, para além de tardio, é ainda, a meu ver, insuficiente. Seria necessário incentivar e apoiar a iniciativa privada neste campo, onde infelizmente a lei e a Segurança Social também não ajudam tal o número de requisitos e condições necessárias à abertura de um infantário privado.
Por outro lado, em termos de ocupação dos tempos livres, como já ouvi várias pessoas dizerem, S.Brás de Alportel é uma autêntica “pasmaceira”. Embora já existam actividades culturais e desportivas promovidas por várias associações e pela própria Câmara, inexiste ainda uma grande parque infantil para realização de jogos e brincadeiras semelhante ao complexo existente no parque da Alameda em Faro, os programas de cinema infantil, por exemplo, são descontínuos, ao contrário do que sucede com a Câmara Municipal de Loulé onde são permanentes; por sua vez, nas férias a capacidade das piscinas é também insuficiente para a procura, etc., etc.
Estamos perante uma crise de crescimento, onde muito já se vai fazendo, mas onde também muito mais se vai ter que fazer. Caso contrário, muitas das pessoas que antes vieram para cá, perante as fortes carências nesta área (sobretudo na área do apoio à pré-infância, onde 1 ou mesmo, no futuro, 2 instituições de apoio são ainda manifestamente insuficientes em face da procura crescente), ir-se-ão embora.
É pena que tal assim seja e infelizmente já se vai vendo alguns prédios novos com andares por vender e outros com placas a dizer “vende-se”. Faço votos sinceros para que se possa reagir a tempo antes que seja tarde demais.
Artigo de opinião publicado na edição de Novembro do jornal regional "Notícias de S.Brás".
P.S.- Depois da publicação do artigo e porque S.Brás é um meio onde todos se dão e se relacionam como de um família se tratasse, já me cruzei 2 vezes com o Sr. Presidente da Câmara com quem tive oportunidade de falar sobre o tema do meu artigo.
Numa conversa muito cordial, referiu nada poder fazer relativamente à falta de iniciativa privada na criação de creches e infantários privados e deu-me a conhecer algumas facetas e virtualidades das iniciativas camarárias já no terreno ou ainda em curso.

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