sábado, 8 de março de 2008

O Estado do individualismo ou a manifestação de profs

A grande manifestação de hoje só demonstra, mais uma vez, que estamos a viver num Estado e numa sociedade que só se preocupa única e exclusivamente com os seus próprios interesses.
Os professores não querem ser avaliados, independentemente dos critérios de avaliação e ponto final.
Muitos professores são uns baldas e a qualidade do seu ensino é inversamente proporcional ao seu absentismo.
Para além de terem um ordenado bastante razoável, os professores têm grandes regalias tais como cerca de 2 meses de férias e, no final, uma reforma choruda.
A 1ª pessoa a falar de avaliação de professores foi a Dra. Manuela Ferreira Leite na altura em que foi Ministra da Educação e saltou-lhe tudo em cima: Que ofensa colocarem em causa o estatuto desta classe.
Esta manifestação foi a demonstração do individulismo da nossa sociedade e do Estado do "Indivíduo" que já Georges Burdeau falava no seu livro "A Democracia".
Esta manifestação demonstra um facto inquestionável: vivemos cada um para os nossos próprios interesses e para a salvaguarda dos nossos privilégios !
P.S.- Em seguida texto integral publicado no mensário "Notícias de S.Brás"
Vemos com frequência os governantes dizerem que têm que fazer promover o bem comum em detrimento do bem particular de um determinado grupo ou classe social. Desta forma, governar é sempre um acto contraditório e difícil pois, como se costuma dizer, é sempre muito difícil agradar em simultâneo a Gregos e a Troianos.
Um conhecido politólogo francês, Georges Burdeau, escreveu um livro intitulado “A Democracia” onde a dada altura defende que os estados democráticos hodiernos são compostos por indivíduos a que ele chamou de “pessoas situadas”, isto é, pessoas com circunstâncias e preocupações muito próprias. E, diz ele que o que interessa a essas pessoas é a salvaguarda do seu próprio bem estar, a satisfação do seu egocentrismo.
Ao contrário do que acontecia com os Estados totalitários em que os indivíduos consideravam que os interesses do Estado eram mais importantes e superiores do que os seus próprios interesses pessoais ou mesmo do que sucedia durante a Idade Média em que muitas pessoas se sacrificavam e condicionavam toda a sua vida aos ditames da religião e do Papado, hoje vivemos tudo ao contrário. Hoje, os cidadãos estão apenas interessados em conseguir boas condições económicas, viver uma vida de prazer e auto-satisfação que procuram obter através dos meios que acham mais adequados, viajar, divertir-se, etc... Veja-se que a própria corrupção mais não é do que uma manifestação de egocentrismo ao nível dos órgãos administrativos.
A consciencialização de um bem que é superior e ao qual o cidadão se deve subordinar e condicionar, neste momento, nas sociedades modernas, pura e simplesmente não existe. O que existe é aquilo a que muitos socialistas chamam a “moral republicana” que consiste no cumprimento das leis e da constituição desde que as mesmas não afectem a hegemonia dos interesses individuais de cada um.
É neste contexto, a meu ver, que devemos entender e interpretar o eterno e permanente descontentamento dos professores numa área, a do ensino público, altamente complexa. E, embora os professores tenham, em alguns pontos, razão no seu descontentamento, o que é certo é que a sua reacção nada mais é do que a luta de uma classe pela manutenção dos seus privilégios. Os professores não querem ser avaliados e ponto final.
Já no tempo em que era Ministra da Educação, Manuel Ferreira Leite, os professores tiveram oportunidade de manifestar de forma muito veemente a sua oposição a qualquer grau de avaliação. E o que é certo é que muitos professores têm comportamentos laxistas, não preparam as aulas, não são exigentes, faltam sempre que podem, tentam fugir à organização de actividades extracurriculares, etc., etc. e, por isso, é normal que não queiram ser avaliados.
Penso que quer a nossa sociedade, quer a nossa Democracia estão gravemente doentes por estarem minadas, por dentro, pelo egocentrismo de todos nós. Cumpre, pois, perguntar: Haverá um fim para isto tudo ?

2 comentários:

Anónimo disse...

BOM DIA,

Só hoje tive oporunidade de vir aqui dzer-lhe que o texto publicado é de um conteúdo vazio de tal ordem que o único comentário possível é que deve apagá-lo.



Vá lá,apague lá isso .

João

MRC disse...

Caro amigo anónimo João,

Muito obrigado por aqui vir.
Já vi que provavelmente estará afecto à classe dos "professores" injustiçados que andam pela rua a gritar palavras de ordem contra a senhora Ministra.
Gostaria de lhe dizer que conheço bem a classe dos professores porque tenho uma em casa e sei do que falo.
Como em todas as profissões há gente boa e gente má. A diferença é que em algumas profissões a gente má e incompetente é castigado e a gente boa premiada. Como sabe, isto não é o que acontece com os professores onde muitos incompetentes e "baldas" não são discriminados negativamente como deviam.
No meu texto refiro que alguns pontos a que os sindicatos se referem são, a meu ver, pertinentes. Porém, a questão de fundo que foco no meu texto, a meu ver, mantém-se na íntegra.
Um abraço e Feliz Páscoa !