Entre os próximos dias de 22 a 29 de Novembro estará, entre nós, aqui em S.Brás de Alportel, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.
Para além da imagem que permanentemente se encontra na capelinha das aparições em Fátima, esta imagem percorre várias localidades, fazendo com que “Fátima” e o seu ideário venham até nós.
A devoção católica à Mãe de Jesus é contestada por várias religiões cristãs, com particular incidência, nas de raiz evangélica. Entendem esses credos que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens e que só Deus deve ser adorado. Por outro lado, acrescentam que a adoração de imagens é uma idolatria violadora de vários preceitos consagrados no antigo e novo testamento.
Sucede que a Igreja Católica não promove propriamente uma adoração à Mãe de Jesus, nem a considera a fonte da salvação, mas antes um instrumento utilizado para a salvação.
Por outro lado, a devoção a Maria não é idêntica à adoração que é feita ao próprio Deus. Entende a Igreja Católica que, assim como a desgraça entrou no mundo através de uma mulher, Eva, a salvação foi possível igualmente através de uma outra mulher que é a nova Eva, Maria, Mãe de Jesus, que a tradição católica interpreta como sendo aquela cujo calcanhar mata a cabeça da serpente maldosa.
Maria é um exemplo de humildade, determinação e fortaleza. Sem o seu “sim”, o Verbo não se teria feito carne e habitado entre nós. A nossa devoção é, pois, uma forma de manifestarmos a nossa admiração, respeito e louvor por esta mãe que quis acompanhar o seu filho sempre e de forma fiel “usque ad mortem, mortem autem crucis” (Cfr. Carta aos Filipenses 2,8 ).
Quanto à questão da alegada adoração de imagens ela, salvo o devido respeito, também não é certa porquanto as imagens são apenas usadas como forma de recordatório e para tornar a nossa devoção mais presente do ponto de vista sensitivo. À semelhança, aliás, do que se passa com as fotos de familiares que levamos na carteira nas quais não adoramos o papel de que são feitas mas apenas recordamos, através das respectivas imagens, as pessoas que aí estão representadas.
A este propósito, há um ponto no catecismo da Igreja Católica que, a meu ver, resume de forma muito eficaz e bela as considerações que fiz acerca do exacto papel de Maria na economia da salvação e qual a razão da sua devoção, em particular, através do recurso a imagens.
Diz o ponto 2674 que “Jesus, o único Mediador, é o Caminho de nossa oração; Maria, sua Mãe e nossa Mãe, é pura transparência dele. Maria "mostra o Caminho" ("Hodoghitria"), é seu "sinal” conforme a iconografia tradicional no Oriente e no Ocidente”.
A proposta de vida feita pelas religiões em geral, e pela Igreja Católica, em particular, por regra, não são muito fáceis de levar à prática. Os nossos maus hábitos, aliados a uma atmosfera circundante adversa e aos defeitos endógenos da nossa própria personalidade tornam a tarefa difícil e ardúa.
Nesse sentido, para alguns cristãos, Maria apresenta-se como uma ajuda que torna mais acessível Deus em nós. Assim, como Ela gerou fisicamente Cristo, recorrer à sua intercessão seria uma forma de “gerar” Cristo no meio das nossas próprias contingências e limitações.
Do programa da visita destaco as procissões dos dias 22 e 29 e as celebrações nocturnas diárias na Igreja Matriz.
(Artigo publicado no jornal regional "Notícias de S.Brás" -Edição de Novembro)
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