terça-feira, 4 de novembro de 2008

Louco, esta noite vais morrer

Confesso que das muitas passagens do Evangelho, há uma que me impressiona particularmente:

E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
(Lucas 12, 15-20).
Esta parábola é muito actual e poderia ilustrar muita coisa.
A crise económica: Quando se pensava que o capitalismo era o fim da história, que tínhamos chegado ao modelo ideal de organização económica e societária eis que caí tudo como um baralho de cartas.
Morte do filho do Dr. Paulo Teixeira Pinto: Há umas semanas atrás ouvi uma entrevista sua ao Rádio Clube onde dizia que, por ter alcançado um situação financeira muito favorável, estaria, agora, em condições de fazer o que lhe apetecia, gerir uma editora, pintar, escrever, etc.. De repente, um divórcio e a morte dolorosa e inexplicável de um filho.
Também já a mim me aconteceu em alturas da vida em que parece que tudo corre bem e somos os reis do mundo, cheios de soberba, e de repente, acontece alguma coisa que nos mostra o quão transitório e precário é qualquer lampejo de auto-suficiência.

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