quinta-feira, 24 de abril de 2008

Arriscar fazer asneiras

Há cerca de 4 anos atrás, num mês particularmente complicado e onde me aconteceram várias coisas negativas, escrevi para o "Noticias de S.Brás" este artigo que volta e meia tenho que voltar a ler porque me ajuda a relativizar e a distanciar-me mais das coisas, mesmo quando me correm mal.

Aqui fica:

ARRISCAR ?
Na vida temos sempre duas opções. Uma é a de ficar em casa debaixo dos lençóis à espera que o tempo passe. Esta opção é, em princípio, bastante segura, pois tendo uma atitude passiva nada nos poderá acontecer de mal.
A outra opção é a de sairmos à rua, arriscar trabalhar e realizar opções pessoais, familiares e profissionais. Fazer apostas que, muitas vezes, saem goradas porque afinal o casamento falhou, porque afinal não se arranjou trabalho, porque afinal em vez de lucros tiveram-se prejuízos, porque afinal cometemos erros e falhas, causando mal estar a nós próprios e a terceiros.
Há uns anos atrás Diogo Freitas do Amaral arriscou-se a candidatar-se Presidente da República; participou em debates, percorreu o país, mandou espalhar panfletos e autocolantes e participou em comícios. No final, perdeu as eleições e, além disso, ficou com vários milhares de dívidas para pagar para as quais não tinha dinheiro. Os seus outrora apoiantes deixaram-no sozinho com as suas dívidas para pagar. Nos anos seguintes, Freitas do Amaral afastou-se e à custa do seu próprio trabalho a pouco e pouco pagou todas as dívidas que tinha.
Em meados de 2002, Mel Gibson decide deixar a comodidade da sua milionária Mansão em Los Angeles e o regaço da sua extensa família para fazer um filme altamente polémico intitulado “A Paixão de Jesus Cristo” que o faz gastar 30 milhões de dólares do seu próprio bolso, que há quem diga que arruinará em grande parte a sua fama e futura carreira como actor, que está a fazer com que muitas pessoas o tenham passado a odiar e que actualmente obriga inclusive a que ele, a sua família e o actor principal desse filme James Caviezel tenham sido obrigados a andar com segurança pessoal reforçada pelas ameaças de morte de que têm sido vítimas, nos últimos dias.
Quando questionado sobre se valia a pena tanta coisa má só por causa de um filme, hipotecando outras coisas boas que ele já anteriormente tinha conquistado, Mel Gibson respondeu “Hei, we only live once”. Vale a pena arriscar e passar mal por causa dos nossos defeitos e dos defeitos dos outros e acabar desejando nunca ter saído de onde se estava. Ou será melhor a opção do “mais vale estar quieto” no seu cantinho a comer pipocas e a ver o mundo a passar na tv.
Eu por mim, não me considero com autoridade moral para dar aos senhores leitores a resposta certa que ficará sempre ao critério de cada um. Por isso, fico-me só por aqui...
Ah, já me esquecia de dizer. Passado alguns anos, Diogo Freitas do Amaral foi eleito Presidente da Assembleia Geral da Nações Unidas e Mel Gibson, ao fim de 2 semanas do seu polémico filme já facturou cerca de 250 milhões de dólares.

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