domingo, 8 de janeiro de 2012

A Misericórdia de Abiúl e a desgraça do concelho de Abiúl




De acordo com a data inscrita no altar local, a Misericórdia de Abiúl, pelo menos, em 1620 já funcionaria.
Nas Memórias Paroquais de 1758, refere-se que terá sido criada no reinado de D.João III e que resultou da conversão de uma Irmandade criada em honra do Espírito Santo e que funcionaria numa capela e que, com o aumento do seu património, em virtude de bens deixados por herança e outros entretanto adquiridos, pediu ao Rei D.João III que fosse constituída em Misericórdia.
Nas inquirições de 1721, refere-se que esta Misericórdia tem pouca expressão e atende poucos doentes, referindo-se que nela existe "acomodação para quatro camas, que mais raras vezes tem ezercido, assim por ser esta terra de sertão de pouco frequentada passagem de Peregrinos"
A Misericórdia de Abiúl é dissolvida pelo Governo Civil de Leiria por alvará de 28 de Agostode 1869, sob a acusação de irregularidades cometidas e os seus bens são incorporados na suacongénere de Pombal no ano seguinte
.

(Cfr. Misericórdias de Pombal)

A Misericórdia de Abiúl (a foto mais abaixo) situa-se actualmente na sede da Associação dos Amigos de Abiúl, onde também se tenta lançar um esboço de futuro museu da vila.

Estas informações demonstram que a freguesia de Abíul (outrora uma das mais importantes da zona centro, devido ao palácio dos Duques de Aveiro e que a estes pertenceu até à data da sua condenação à morte) iniciou a sua fase de ruína logo no final do século XVII, tendo em conta a referência que é feita nestes documentos ao escasso número de peregrinos e à pouca utilização do hospital da Misericórdia.

Por outro lado, ainda nas Memórias Paroquiais de 1758 refere o então Prior de Abiúl que o Paço Ducal a que me refiro neste post já antes do terramoto se encontrava já em ruínas.
Diz ele:
"Nesta terra só existem vestígios de um sumptuoso palácio que foi habitação de um ascendente da Exma casa de Aveiro. No presente tempo, está no domínio de um particular que o adquiriu por título onoroso em seu benefício do directo domínio pagando à Exma Casa uma anual prestação"

Assim se concluí que essas ruínas das quais ainda hoje existem vestígios se devem não ao terramoto, nem à destruição como castigo pela condenação dos Távoras, mas deve-se ao declínio do concelho de Abiúl que começa, ao que tudo indica, no final do século XVII.

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