sábado, 12 de julho de 2008


«Foi novamente como se a Vida, com todos os seus segredos, estivesse próxima de mim, como se eu a pudesse tocar… E ali sentia-me imensamente segura e protegida. E pensei: "Como isto é estranho. É guerra. Há campos de concentração. Pequenas crueldades amontoam-se por cima de pequenas crueldades.

Quando caminho pelas ruas, sei que, em muitas das casas por onde passo, há ali um filho preso, e ali um pai refém, e ali têm de suportar a condenação à morte de um rapaz de dezoito anos." E estas ruas e casas ficam perto da minha própria casa.Sei do grande sofrimento humano que se vai acumulando, sei das perseguições e da opressão…

Sei de tudo isso e continuo a enfrentar cada pedaço de realidade que se me impõe. E num momento inesperado, abandonada a mim própria — encontro-me de repente encostada ao peito nu da Vida e os braços dela são muito macios e envolvem-me, e nem sequer consigo descrever o bater do seu coração: tão fiel como se nunca mais findasse…»

2 comentários:

Isamar disse...

A guerra, a fome, a solidão, o abandono, a crueldade... tanto sofrimento! Ah, se o homem quisesse, o homem podia acabar com tudo isto.Bastava que os mandantes do mundo assim o determinassem.

Beijinhos

MRC disse...

Era bom que fosse assim tão simples.
Mas há muitos, muitos interesses por detrás...