Foi com grande tristeza e decepção que recebemos a notícia do encerramento da pousada, ainda para mais com o argumento da inviabilidade económica.
A mim pessoalmente entristece-me por ter sido onde passei a minha lua de mel, tendo também, em outras ocasiões, experimentado as iguarias da sua cozinha. Dessas passagens registei sempre a enorme simpatia e excelente acolhimento do seu pessoal e a vista magnífica sobre a vila e o mar.
Os argumentos do grupo Pestana, porém, salientam algumas das lacunas da nossa vila. Com todo o respeito pela rota da cortiça ou pelo museu do Trajo que, sem dúvida, têm interesse e valor turístico, verifica-se que falta algo mais, algo que atraía mais turistas de dentro e de fora. A procissão do Aleluia, a feira da Serra ou a Arte Viva são também eventos apelativos mas limitados no tempo.
Se olharmos para o concelho, verificamos que, para além da sua posição estratégica colocada no centro do triângulo Loulé-Faro-Olhão, destaca-se outra valia, o barrocal. A exploração turística do barrocal devia, a meu ver, ser a grande aposta do concelho e para isso não basta apenas oferecer unidades de alojamento de qualidade. É necessário propôr actividades e programas que se insiram no meio do barrocal sambrazense e que sejam atractivas para os nossos visitantes.
Locais como o Badoca Parque, em Vila Nova de Santo André; o Monte Selvagem em Lavre, Vendas Novas ou a Cova dos Mouros, em Martim Longo provam que não é necessário construir vias rápidas ou circunvalações para que surjam pólos de atracção turístico.
Já o renovado parque da Fonte Férrea, no Alportel, mostra-se saturado, atraído pelos europeus de leste que, sábios, aproveitam o que ele tem de bom. Por isso, faltam novos parques de “Fonte Férrea”, isto é, espaços naturais de lazer para miúdos e graúdos, situados no hall ou no meio do barrocal sambrazense. Faltam parques temáticos com actividades que nos reconciliem e aproximem mais da natureza profunda que nos envolve. E nos dias que correm, quanto não nos pode ela dizer e ensinar ?
Falta apostar num turismo de aventura, nomeadamente através de uma maior dinamização dos passeios pedrestes, tornando-os mais conhecidos e acessíveis a todos. Em suma, falta aumentar, melhorar e diversificar a oferta turística do concelho.
Na Madeira, por exemplo, a forte aposta na melhoria das estradas foi acompanhada pelo apoio e criação de pólos turísticos, tais como museus, jardins e parques.
O encerramento (esperemos que transitório) da pousada deve ser motivo de exame de consciência. Afinal, de que serve chegar mais depressa ou em melhores condições a um sítio que parece ter pouco para oferecer ?
Artigo públicado na edição de Maio do mensário "Notícias de S.Brás".
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