O acto da procriação é muito interessante do ponto de vista biológico, mas, em termos práticos pode ser, e às vezes é, muito problemático.
Ter filhos implica ter que fazer mais despesa, renunciar a uma melhor qualidade de vida dos pais em favor dos filhos, ter menos tempo disponível para o lazer, ter mais preocupações, ou mais cabelos brancos, como se diz na gíria e implica até, quase sempre, maiores conflitos entre o casal motivados por situações de stress relacionadas com os filhos.
Conclusão. Perante este panorama horrífico 3 hipóteses se levantam: Ou se decide não ter filhos; ou se decide ter filhos e depois abandoná-los ou, por fim, tem-se filhos por acidente, porque não se utilizaram métodos contraceptivos e então compra-se a “pílula do dia seguinte” ou faz-se um aborto clandestino ou em Espanha e resolve-se o assunto.
Quando se aborda a questão dos filhos há 2 factores que se deveriam ter em consideração, o da solidariedade entre gerações e o da responsabilidade pessoal. Solidariedade porque, de alguma forma, os nossos pais já sofreram aquilo que, agora, poderemos ter que sofrer com os nossos filhos, assim como os nossos avós já o tinham feito com os nossos pais. O problema é que hoje somos mais egoístas e não aceitamos ter que fazer sacrifícios tão facilmente como os nossos pais e avós. Hoje, queremos viver a vida mais e melhor e os filhos são vistos, muitas vezes, como um empecilho a esse desiderato.
Por outro lado, a responsabilidade pessoal passa por alguém que não quer usar o preservativo pense, usando a cabeça de cima, que, entre engravidar a parceira e obrigá-la a ter que fazer um aborto e usar o preservativo, por mais que isso custe ao seu ego, deverá optar por esta segunda hipótese. Não é justo que o nascituro venha a pagar com a vida e seja condenado à morte ainda antes de ter sequer nascido por causa da irresponsabilidade anterior de terceiras pessoas que, por mero acaso, até são seus pais.
A hipótese de ter filhos e abandoná-los, recusando-se não só ao pagamento de uma pensão de alimentos, mas inclusive renunciando voluntariamente ao direito de visita é algo de aberrante e de animalesco, porque até no mundo animal tal raramente acontece. Infelizmente, estas situações são o pão nosso de cada dia e demonstram uma total falta de responsabilidade e desorientação que, por isso, deveriam ser objecto de forte penalização judicial.
Esquecem-se essas pessoas que um dia “vira-se o bico ao prego” e quando os pais forem mais idosos e necessitados será, então, a vez, desses filhos os abandonarem, internando-os num lar de idosos ao qual pouco ou nunca os irão visitar.
Sustentar e educar os filhos é tarefa árdua e, quase sempre, muito desgastante. Mas receber um abraço e sentir o amor de um filho não fará esquecer tudo isso?
Miguel Reis Cunha
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