O Natal é o período em que damos prendas às pessoas nossas amigas em sinal de estima, gratidão e apreço. É também um balão de oxigénio para os comerciantes em crise, permitindo-lhes um (maior) lucro. Esse lucro que, muitas vezes, não conseguem obter durante o resto do ano e lhes permitem equilibrar as contas.
Época de consumismo e de vazio total e quase absoluto do seu significado originário relacionado com motivos religiosos.
Na realidade, os motivos religiosos relacionados com o nascimento de Jesus Cristo aparecem-nos tão somente através das figuras do presépio que nos surgem apenas como meros ícones aos quais a esmagadora maioria das pessoas, pura e simplesmente, não atribuí qualquer significado prático especial.
Esses enfeites são meros símbolos de ocasião que passam com a época. Assim como o ovo o é com a Páscoa ou as máscaras com o Carnaval ou o cantar os parabéns é com o Aniversário de cada um.
No nosso tempo, as coisas acontecem sem que a maioria das pessoas se interrogue sob o seu significado. As coisas acontecem porque acontecem, e nada mais.
A explicação histórica (e já nem falo na filosófica) dos acontecimentos é dispensada pelo simples respirar. Respirar já é suficiente. Sobreviver já é bom. Quem respira, vive, e isso basta. A falta de tempo e pachorra leva-nos a pensar e a actuar como se tudo o resto que implique mais qualquer coisa seja uma pura perda de tempo.
Por isso, o Natal é bom para renovarmos o nosso stock de consumíveis, roupa, acessórios e quinquilharias. O mesmo stock que, um dia mais tarde, será arrumado em sacos de plástico para ser dado aos pobres ou deitado no lixo ou (valha-nos isso) nos contentores de reciclagem.
Os despojos de Natal que acabam por ficar, além dos que acabam na lixeira, são os enfeites.
Miguel Reis Cunha
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