A educação para a abstinência sexual ou a fidelidade será tão ineficaz, como já o é a educação para o uso do preservativo.
No Brasil, por exemplo, apesar dos milhões gastos na promoção dos preservativos, um estudo de 2005 revelou que 62% dos homens e 76,6% das mulheres da faixa etária dos 20 aos 24 anos não são adeptos do uso do preservativo porque dizem que“machuca ou incomoda ou simplesmente que não gostam” ou ainda que é como “chupar bala com papel”. Em S.Salvador, por exemplo, este ano, apesar da distribuição gratuíta e maciça de preservativos pelo governo Lula, os foliões demonstraram estarem-se literalmente “a marimbar” para o uso do preservativo, tendo-se verificado uma nova onda de contaminações.
Nos países ocidentais, o consumo de alcóol e drogas leves têm vindo a ser associados a falhas no uso do preservativo e há muitas pessoas intelectualmente esclarecidas, incluindo homossexuais, que defendem o uso do preservativo, mas depois não o usam e isto já para não falar no recrudescimento do fenómeno do barebacking.
O Estudo sobre os “Hábitos Anticoncepcionais das Mulheres que Abortam", feito ao longo de três meses em 2007, pelo Ministério da Saúde Espanhol concluí que, entre as mulheres cujos parceiros usam preservativo, 70% admitiram que o uso era esporádico, que o preservativo era mal colocado ou que houve problemas no seu uso. E, a esse propósito, um médico espanhol refere que muitas pessoas consideram que o preservativo interfere na espontaneidade da relação sexual. E, também em Espanha, um estudo efectuado por uma clínica abortista de Madrid revelou que cerca de 50% das mulheres que aí abortaram usaram como método contraceptivo o preservativo que falhou ou porque se rompeu ou porque foi mal colocado.
Perante estas falhas do preservativo, parece-me completamente histérica e desproporcionada a reacção do mundo anti-clerical às recentes palavras do Papa.
Aliás, como se refere aqui e bem se o mundo ocidental resiste ao uso do preservativo, apesar de todas as campanhas maçivas de informação e distribuição realizadas a esse respeito, como esperar que o mundo africano, onde existem graves carências ao nível mais básico, o faça ?
Se nenhum dos métodos de prevenção da SIDA, abstinência, fidelidade, preservativos é 100% eficaz não será melhor promovê-los em simultâneo e por ordem de preferência ?
P.S.1 - Mais um exemplo de hipocrisia:
"Em Yaoundé, em 1993, aconteceu a VII Reunião Internacional sobre a AIDS com especialistas médicos e de saúde. Foi uma reunião da qual participaram cerca de 300 congressistas, e se distribuiu ao final um questionário para que se indicasse, entre outras coisas, se se havia tido relações sexuais durante os três dias que durou a reunião com pessoas que não fossem parceiros estáveis.
Dos pesquisados, 28% responderam que sim, e destes, 30% disseram que não haviam tomado «precaução» alguma para evitar contágios.
«Se isso ocorre entre pessoas ‘conscientizadas’, o que ocorrerá entre as pessoas normais?», pergunta.
Dos pesquisados, 28% responderam que sim, e destes, 30% disseram que não haviam tomado «precaução» alguma para evitar contágios.
«Se isso ocorre entre pessoas ‘conscientizadas’, o que ocorrerá entre as pessoas normais?», pergunta.
P.S.2- A realidade católica em África mostra que esta discussão acerca das declarações polémicas do Papa Bento XVI no avião acerca do preservativo, com os insultos que se lhes seguiram, foram uma enorme perda de tempo.
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