sábado, 14 de março de 2009

O estado da Nação

Esta 6 ª feira, 13, foi um dia muito rico em ocorrências que muito nos dizem sobre o estado da nação:

- A manifestação da CGTP, mais do que uma revolta do proletariado, demonstra o profundo descontentamento das pessoas em relação ao Governo Sócrates que, apesar de todas as manobras diárias de propaganda, mostra-se cada vez mais saturado.
- Manuel Alegre dá uma entrevista à Antena 1 que é, para mim, uma pedrada no charco no situacionismo generalizado. Ele e Helena Roseta, apesar de estarem nas antípodas das minhas opções políticas, têm vindo a chamar à atenção para o facto dos partidos políticos já não representarem as pessoas e, por isso, decidem não ir votar. Esta é uma análise realista daquilo que se passa no mundo do dia a dia, onde cresce a convicção que as várias eleições deste ano, em particular, as Europeias e as Legislativas vão atingir os índices mais altos de abstenção de sempre. As pessoas estão saturadas da verborreia dos políticos e desanimadas pelos vários escândalos financeiros e pelo constante adiamento, entre outras, de reformas importantes na administração pública.
- Sobre o aumento da criminalidade, apesar do Ministro Rui Pereira continuar com o seu discurso oficial mascavado alegando que está tudo óptimo, destaco 2 intervenções de 2 pessoas que conhecem o sistema por dentro e, por isso, denunciam em sintonia as razões dos números do crime. Segundo o Juiz Desembargador Rui Rangel (na sua intervenção semanal na TSF) e do ex-ministro da administração interna, Ângelo Correia (em entrevista ao Jornal das 9 da Sic notícias), a razão, para além da conjuntural ligada à crise económica, reside nas alterações desastrosas ao Código de Processo Penal que vieram incrementar o laxismo e a permissividade no sistema judicial penal.
Já o disse em várias ocasiões, o Código de Processo Penal passou do 8 para o 80; fizeram-se correcções positivas na lei, mas muitas foram feitas à parva e sem conhecimento da prática processual penal.
Conclusão desta história: Não acredito que Sócrates, a ganhar, o faça com maioria absoluta e os as percentagens altas de abstensão que prevejo demonstram a falência deste tipo de democracia representativa caduca.
P.S.- Maria Flor Pedroso, da Antena 1 e Mário Crespo, da Sic Notícias, têm demonstrado, nos últimos tempos, serem, na rádio e tv, em termos de independência e competência técnica, dos melhores jornalistas da actualidade.

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