Os homens são a coisa mais fantástica que há à face da terra. Mas, por vezes, são umas autênticas mulas porque metem argolada e depois disso, metem argolada outra vez. O grande mal do homem não está na falta de inteligência, está na falta de vontade que se deixa seduzir por essa coisinha doce e melosa, como um pudim. E quando assim é, o homem torna-se naquilo pelo qual se deixa seduzir- um pudim que qualquer colher esquarteja e leva à boca até desaparecer. Perceberam?
quarta-feira, 14 de março de 2007
Ser Reformado
Portugal, na linha, aliás, do que se passa no resto da Europa é um dos países onde há um elevado número de idosos, sendo que muitos destes idosos estão já reformados.
O que é ser reformado? É ter “arrumado as botas” e aguardar que a doença e a morte apareça? Ou é um período excelente da vida que há que aproveitar ao máximo?
Como imaginam, para mim, a resposta está na segunda opção.
Desde logo, quem é reformado tem logo a seu favor um facto positivo: Se se está reformado é porque se chegou a essa idade vivo. Logo, oxalá todos nós conseguíssemos chegar à idade da reforma porque isso seria sinal de que estaríamos de saúde e vivos.
Na reforma, a meu ver, haverá 2 fases. Uma em que, porque a idade e a saúde ainda o permite, o reformado está ainda activo e outra, em que, pelas razões contrárias, o reformado está numa posição de maior dependência de terceiros.
Ainda assim, parece-me que a maioria dos reformados se encontram ainda na fase de actividade. E o que fazer nessa fase?
Antes demais, considero que essa fase é uma grande oportunidade para fazer coisas que, durante o tempo de trabalho e de vida profissional, não se tem tempo para fazer. É uma excelente oportunidade para se poder estar mais próximo da família e apoiá-la, e em particular os netinhos que já existam; de passear (veja-se os programas do INATEL e outros do género) e participar em actividades lúdicas (veja-se o caso do Chá dançante aqui em S.Brás de Alportel).
Mas, é também, a meu ver, uma excelente oportunidade para se poder trabalhar e dedicar tempo a outras coisas diferentes. Estou-me a lembrar, em especial, do apoio, em regime de voluntariado ou não, a associações de defesa do ambiente, do consumidor, de natureza sócio-caritativa, educativas, promoção do desporto, etc...
Muitas dessas associações só conseguem avançar e realizar actividades se tiverem alguém que se dedique com maior disponibilidade e uma pessoa reformada tem certamente esse perfil. E, mais o terá ainda, se puder utilizar as qualificações e a sua experiência de vida, colocando-as ao serviço de uma causa nobre.
Gostaria de vos contar em particular a história do Sr. Vivas que tive a honra de conhecer na fase final da sua vida. Era um homem que se tinha destacado por ser um excelente gestor, ligado ao ramo dos transportes. Um dia decidiu reformar-se quando tinha cerca de 60 e tal anos. Nessa altura, cruzou-se com uma pessoa aqui do país vizinho, de forte carisma e personalidade, a quem perguntou se achava que ele se deveria retirar definitivamente, ao que essa pessoa lhe respondeu “se retiran los vencidos”.
Aquela resposta bateu-lhe tão fundo e sensibilizou-o de tal maneira que o nosso amigo Sr. Vivas fez o seguinte: deserdou-se, partilhando em vida com os filhos a totalidade dos seus bens, evitando, desta forma, que, após a sua morte, aqueles andassem às turras por causa da herança; ficou apenas com um casita pequena, uma conta bancária suficiente para as despesas correntes e um carrito utilitário.
Este homem depois de se “deserdar” fundou uma cooperativa educativa na área da agricultura e esteve na origem de cerca de 6 casas-escolas agrícolas, actualmente espalhadas pelo país. E fez tudo isso entre os 65 e os 95 anos.
Achei particularmente impressionante ter-me encontrado com ele uns meses antes do seu falecimento e o ter constatado o seu entusiasmo, fazendo planos de actividades para os anos seguintes. Tratava-se de uma pessoa com um espírito profundamente juvenil e, apesar da sua fragilidade física, de um dinamismo impressionante.
Assim, faço daqui um apelo a todos os reformados de boa saúde que estejam a ler este artigo. Esse vosso período da vida é uma grande riqueza ! Não o desperdicem ! Há quem precise do vosso tempo e da vossa ajuda em associações, colectividades, etc.. Essa é também uma forma de se sentirem úteis para a comunidade, contribuindo para o seu enriquecimento em áreas onde a maioria das pessoas, por falta de tempo, não podem colaborar.
Em particular, aqui em S.Brás, há muitas associações onde colaborar. Aproveitem !
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