domingo, 24 de junho de 2007

Escolas Privadas


Sabemos que as pessoas e os governos de tendência mais socializante têm um certo pudor em fomentar a criação e o apoio às escolas privadas. A ideia é dizer que todos têm direito a uma educação igualitária e que é ao Estado que compete a educação dos seus filhos.
Pessoalmente não concordo nada com esta ideologia mais de esquerda, porquanto, quer queiramos, quer não, todos nós somos e seremos sempre pessoas diferentes, não só do ponto de vista económico, mas também em termos de personalidade, de aptidões e vocações. Não me choca que uma determinada pessoa nasça com um determinado ponto de partida mais modesto e outro com um ponto de partida mais abastado, desde que o Estado cumpra a sua função redistribuidora e de solidariedade social, dando condições a qualquer criança, adolescente, adulto ou idoso para ter acesso básico à saúde, educação, cultura e desporto.
Em concreto, a vantagem das escolas privadas são várias: é a possibilidade dos pais poderem colocar os filhos numa escola com a qual se identificam mais, em termos de valores ou até religião; é a possibilidade de garantirem aos filhos actividades extra-curriculares que porventura não existam nas escolas públicas; é a possibilidade de garantirem que os filhos permanecerão mais tempo na escola, com um horário alargado, o que nos tempos que correm com a menor disponibilidade dos pais acaba por ser um bem precioso; é a possibilidade de garantirem que os filhos não faltarão à escola por motivo de greve do sector público; é a possibilidade de escolherem uma escola, onde quer os alunos, quer os educadores são pessoas culturalmente mais selectas e onde uma auxiliar de educação não diz a uma criança para “ir mijar” ou os miúdos não tenham que beber água todos do mesmo copo ou estarem em salas pequenas cheias de colegas ou em que a alimentação seja de modesta qualidade.
É claro que há que dizer que há muitas escolas públicas de qualidade, por exemplo, aqui em S.Brás de Alportel e também que o ideal seria que todos os menos favorecidos que quisessem, pudessem igualmente recorrer às escolas privadas, com o apoio do Estado.
No caso de S.Brás de Alportel, porém, à excepção da Misericórdia e dos ATL’s, não existem quaisquer infantários ou creches privadas o que diminuí o poder de escolha dos pais, num espaço em que a oferta também já é reduzida. Esta pecha faz com que esse seja um senão aqui no concelho que faz com que muitos (incluindo eu próprio) tenhamos que ponderar a hipótese de mudança de residência para outros concelhos onde a oferta, neste campo, seja mais ampla e diversificada.
Termino, fazendo minhas as palavras do director do “Público”, do passado dia 22 de Maio, José Manuel Fernandes , segundo “o qual se as escolas escolhessem os professores, se os alunos escolhessem as escolas, se o Estado se limitasse a dar orientações gerais, em vez de dirigir, e desse um cheque-ensino aos alunos menos abonados que quisessem ir para uma escola mais exigente, ou melhor, privada e paga, ganharia a qualidade de ensino e o ministro das Finanças agradeceria. Só os interesses instalados se revoltariam.” Para uma consulta do artigo, veja-se aqui

Artigo publicado na Edição de Junho/2007 do "Noticias de S.Brás"

2 comentários:

Ka disse...

Miguel,

Deixo só esta ideia que diz muita coisa sobre a postura responsável que um estado pode ter em relação ao seu povo. Em França o estado patrocina colégios privados e encara-os como um complemento aos públicos. tenho uma sobrinha a estudar num a apenas paga pouco mais do que se paga no público pois o estado patrocina o resto. Esta postura permite inclusivé que famílias com menos posses possam ter acesso a uma educação para os filhos que não só a pública...

De facto estamos a anos de luz da europa!

Beijinho e boa semana

MRC disse...

Olha Ka,

Estás-me a dar uma novidade. Não tinha ideia que em França já se fazia isso.
Sabia que, em alguns Estados dos EUA, já se usava o chamado cheque-educação que permite a uma pessoa menos favorecida aceder ao ensino privado. Mas, em França, não imaginava.
Era óptimo se isso também acontecesse em Portugal. O problema é que o Governo está a fazer cortes nas despesas e nunca aceitaria uma coisa destas que implica sempre um aumento do déficit orçamental.
É pena.